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sábado, 3 de janeiro de 2015

RAMBO I e II

Ficha do filme:

Nome original: First Blood
Ano de Lançamento: 1982
Diretor: Ted Kotcheff
Atores: Sylvester Stallone (John Rambo) Richard Creena (Coronel Trautman) Brian Dennehy (Policial Teasle)

link para assistir online, RAMBO 1: http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-rambo-programado-para-matar-dublado-online.html 

RAMBO 2: http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-rambo-2-a-missao-dublado-online.html






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Atenção, todas as críticas desse blog estão recheadas de SPOILERS, não! não!..na verdade o blog É UM SPOILER filosófico dissecante, o que é ainda mais brochante do que um spoiler comum, cênico. A sinopse aqui serve pra relembrar a trama aos esquecidos e fazer desistir de ler quem ainda não assistiu.
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Sinopse:
John Rambo é um veterano de guerra atormentado pelas lembranças do Vietnã. Numa viagem à procura de um colega do exército, passa por uma cidadezinha cujo xerife o toma por vagabundo sem motivo, e acaba detido. Lá, a agressividade dos policiais traz à tona todos os seus traumas, mas também toda sua habilidade de guerra. Rambo foge, então, para uma floresta vizinha, e dá início a uma fuga violenta.

Obs: Não pulem os vídeos, são cenas especiais escolhidas por mim para dar tom à crítica. ;)



 Essa crítica é a alma desse blog. A intenção máxima desse meio. Rambo é a interlocução perfeita de muito do que se busca tratar aqui. É uma crítica sobre algumas intenções inconscientes do autor. O que ele possivelmente disse sem querer dizer, assim como todas as outras análises. Ao mesmo tempo que posso olhar pra esse filme e falar de processo de criação arquetípico de uma obra de arte, posso falar de ser humano, existência e sentido.
 Rambo é um veterano da Guerra do Vietnã com sequelas quase que irreversíveis, ele sofre com flashbacks de tortura, teve amigos mortos e continua vendo morrer todos aqueles de que se aproxima, como a moça oriental por quem tinha se afeiçoado e decidido levar para os EUA para começar uma vida nova. O Rambo assim como o Capitão Nascimento é um tiro que saiu pela culatra e acabou matando simbolicamente o personagem ao ter a sua força louvada ao invés do seu poder de evidenciação das inconsistências que o cerca.  Essa história contempla mais do que a demonstração de violência e belas cenas de ação demonstradas na tela. Rambo foi criado para matar, ele não fala bem, não se comunica suficientemente, não interage para além de suas necessidades imediatas e suas relações sociais, amizades e família foram destruídos por um propósito político. Rambo é um desgraçado, mas não foi de graça. Para os meus antigos olhos de criança, quando assisti pela primeira vez era o melhor filme de ação. Com o olhar de psicólogo, é um belo filme de drama.


Em Rambo II acontece um rápido e bonitinho interesse entre John Rambo e uma
        moça que queria voltar com ele para os EUA começar uma vida nova...


...logo após combinarem de irem aos EUA, ela morre alvejada pela milícia local


          Entretanto essa visão é do e para o público, para a política que o criou ele é uma arma estritamente funcional que ao contrário do Capitão América ou do Dr. Manhattan, Rambo não é uma propaganda, ele é uma vergonha anônima necessária. Tal como os métodos invasivos sujos da CIA ou do FBI ele é o máximo da força ainda humana (em contraste com os super-heróis de força e habilidades sobre-humanas) que se impõe aos opositores da política imperialista norte-americana, ao mesmo tempo em que tenta desesperadamente gritar pela própria humanidade debaixo desse processo.  Confira o diálogo do xerife perseguidor de Rambo e o Coronel Trautman, responsável por seu treinamento militar:



      Bem, para um desatento esse depoimento preciso de capacidades bélicas pode ser motivo de um burro orgulho ianque (confesso que pode ser engraçada pra caralho também, do alto do meu senso de humor bizarro) mas cogitar que essa condição de vida seria compatível com uma humanidade saudável seria demais. Pensar: como uma pessoa criada assim poderia ser feliz? Um ser sem qualquer habilidade de negociação, socialização e que aprendeu (porque foi-lhe ensinado) a se relacionar matando, sem quaisquer vínculos sociais possíveis de se manter e bode expiatório de tudo que fez. Rambo é um sintoma social, lhe foram prometidos grandes glórias e honras patrióticas caso fosse bem sucedido em uma política que impele a reagir medindo forças e comparando poderes. Não é de se surpreender que a abordagem policial desumana e preconceituosa tenha se desdobrado em conflito que gerou o mote de todo o primeiro filme, a saber, o confronto entre Rambo contra os policiais de um distrito interiorano dos EUA. Notaram algo? O primeiro filme é uma guerra de americanos contra americanos. Contra si mesmos! Isso deveria nos dizer algo. 



Num cenário hipotético perfeitamente verossímil, ouço alguém dizendo em uma sessão de Rambo no cine clássicos Cinemark, ao ver esta cena: “É... parece que o Rambo não era tão machão assim”. Será que alguém teria coragem de dizer isso ao personagem fictício? É só uma provocação, é claro que não, a covardia em todas as esferas se caracteriza por estar em condição de poder e se vangloriar disso.

“Tive uma guerra no Vietnã e quando voltei para a América, havia outra guerra, uma contra os soldados, uma que não se pode ganhar” (John Rambo)

            Rambo é um cara confuso em relação ao militarismo e seu uso político, sem instrução e vulnerável, ele não consegue falar com propriedade da opressão, (e é por isso que o Rambo quase não fala, e não porque o ator é ruim, como afirmam uns por aí) mas sente e é produto dela. Interessante notar o momento áureo de revelação da política por trás da missão em Rambo II:

                Rambo assim como muitos militares e simpatizantes do militarismo atualmente, acreditam em uma mentira.  É disso que se trata a obra política de David Morrell, o autor do livro First Blood que inspirou o personagem Rambo, o supersoldado descartável, perturbado e sequelado que ao final do livro comete suicídio.
                Metaforicamente, o suicídio ou o desabamento final de Rambo no filme atestam a mentira ideológica de valores que supostamente se complementam, como militarismo e patriotismo, condições que servem única e exclusivamente para endossar protecionismo, xenofobia, intolerância e preconceito em macroescala, de um povo ou um país para outro. Não que o uso dessas categorias seja acidental, esses valores são cultivados como intenção de dominância, dominância sobre sua população primeiro pra depois dominar outras nações na conveniente e paralela associação ideológica de Doutrina Monroe e Destino Manifesto. Através da unidade desses valores se mantém o American Way of Life, com suas consequências demonstradas tanto pela quantidade de mortos dos dois lados na guerra quanto pelo "vitorioso" Rambo que sobra pra contar a história.







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